História da Graduação

O Curso de Engenharia Elétrica foi criado em 1966 na então Escola de Engenharia Industrial, atendendo às necessidades das empresas concessionárias de energia elétrica em Santa Catarina, notadamente a CELESC e a SOTELCA. Na época, o curso era seriado anual com uma única ênfase em Eletrotécnica. Aprimeira turma, oriunda de um desmembramento do curso de Engenharia Mecânica, formou-se em 1967.

Com a reforma universitária instituída em nível nacional (Projeto MEC-USAID), o curso foi reformulado para o regime de créditos em base semestral, introduzindo-se em 1971, além da habilitação em Energia, a de Telecomunicações. A nova habilitação foi introduzida a pedido da COTESC, antecessora da TELESC.

Em 1978 realizou-se a primeira alteração substancial deste currículo. Esta reforma visava adequar o mesmo à Resolução 48/76/CFE, a qual definia o novo currículo mínimo dos cursos de Engenharia e estabelecia as suas áreas e habilitações. Sendo Eletricidade uma das habilitações definidas na resolução, apresentou-se um novo currículo que era praticamente uma união das duas antigas habilitações. O currículo de 1978 exigia 298 créditos (4.470 horas-aula em semestres de 15 semanas) para sua integralização. Essa carga horária estava cerca de 24% além do mínimo de 3600 horas-aula.

Em 1989 realizou-se uma nova reforma curricular. Esta reforma teve como objetivos a redução da carga horária e a atualização tanto dos conteúdos técnicos quanto da estrutura curricular à nova realidade do exercício da Engenharia Elétrica. A nova estrutura curricular deveria levar em conta a rápida evolução da tecnologia e a necessidade de uma maior flexibilização da formação do profissional.

Na nova configuração curricular, os conhecimentos básicos necessários à formação do Engenheiro Eletricista passaram a ser ministrados em 7,5 fases. O número e créditos para a integralização do currículo foi reduzido para 255 (3825 horas-aula). A maior flexibilidade de formação foi viabilizada pela subdivisão da especialização em duas grandes áreas: Sistemas de Informação e Sistemas de Energia. Essa subdivisão correspondia à realidade da atuação profissional e à expectativa de provável futuro da atividade do Engenheiro Eletricista. A subdivisão em áreas não foi rígida. O estudante podia escolher disciplinas de outra área que não a de sua especialização para complementar seu conhecimento.

Outra novidade introduzida na reforma curricular de 1989 foi o Estágio Profissional, em caráter optativo. Esta modalidade de estágio permitiu uma experiência mais prolongada (um semestre) em atividades de investigação científica ou de atuação profissional em empresas do setor eletro-eletrônico.

O currículo implantado a partir do primeiro semestre de 1989 foi sendo gradativamente modificado desde aquela época. Essas modificações visaram a atualização dos conteúdos das disciplinas. Isso foi feito com a atualização das disciplinas existentes, com a substituição de disciplinas por outras mais atuais e, muitas vezes, com a criação de novas disciplinas. Em 1998, nove anos após sua implantação, o currículo contava com 4366 horas-aula.

Após diversos anos de debates sobre a estrutura curricular, formou-se em 1996 um consenso no Departamento do Engenharia Elétrica de que uma reforma curricular mais profunda era necessária. Para essa conclusão contribuiu de forma decisiva a constatação, pela maioria do corpo docente, de que as mudanças que têm ocorrido na prática da Engenharia devido à evolução tecnológica não podiam mais ser ignoradas. Ao longo dos últimos anos, os cursos de Engenharia têm procurado adaptar seus currículos a essas mudanças. Entretanto, a adaptação mais freqüente tem sido na forma de aumento do conteúdo teórico das disciplinaobrigatórias. Além disso, a maioria das adaptações foram realizadas internamente à Universidade e baseadas quase que exclusivamente em critérios acadêmicos.

Deve-se mencionar que o fenômeno descrito acima não ocorreu exclusivamente na UFSC. Este é um fenômeno natural da atividade de ensino, ao qual ficam especialmente suscetíveis os cursos relativos a carreiras de forte conteúdo tecnológico. Estes cursos sempre ficarão premidos entre a necessidade de uma estruturação curricular estável por pelo menos cinco anos e a realidade de uma evolução tecnológica que renova cerca de 50% dos conteúdos técnicos neste mesmo intervalo de tempo. O Curso de Engenharia Elétrica da UFSC é, reconhecidamente, um dos melhores cursos do País e da América Latina. A presentereforma curricular torna-se necessária para que essa qualidade não seja reduzida e, na medida do possível, seja aumentada. Trata-se, portanto, de uma evolução natural que deverá ser repetida periodicamente no futuro.

A partir de abril de 1997 iniciou-se no Departamento de Engenharia Elétrica da UFSC um trabalho de reformulação do currículo do curso de Engenharia Elétrica. O novo currículo deve ser implantado a partir do primeiro semestre de 1999 e introduz diversos fatores modernizadores no ensino da engenharia. O trabalho que resultou no novo currículo foi desenvolvido no período de abril de 1997 a novembro de 1998, tendo com Presidente do Colegiado do Curso de Engenharia Elétrica o Professor João Carlos dos Santos Fagundes. Os trabalhos foram conduzidos por uma comissão formada pelos professores José Carlos Moreira Bermudez, como Presidente, Jorge Mário Campagnolo, Hans Helmut Zürn e Carlos Aurélio Faria da Rocha, e por representantes acadêmicos. Durante os trabalhos, praticamente todos os professores envolvidos com o Curso contribuiram com a participação em comissões de especialistas e através de discussões e sugestões. O andamento dos trabalhos foi amplamente divulgado através de uma página de acesso irrestrito na Internet e de uma lista de discussões aberta a todos os interessados. Foram consultadas e convidadas à participação as empresas do setor eletro-eletrônico e as entidades de classe ligadas à Engenharia Elétrica. Diversas palestras e diversos debates foram realizados no âmbito universitário e em entidades de classe como o CREA-SC. Diversas empresas contribuiram com críticas e sugestões, todas levadas em consideração e muitas implementadas no novo currículo. Assim, esperamos também ter contribuído para a inovação do proceso de geração de um currículo voltado para as necessidades e para os anseios da sociedade.

Florianópolis, 01 de outubro de 1998.